Dor crônica e emoções
Muitos estudos envolvendo psicologia e dor crônica mostram que dor e sofrimento são resultados de quatro fatores: nossa parte biológica, nossa cognição (como avaliamos e interpretamos as situações), nossa parte afetiva e nosso comportamento.
Dependendo de como essas quatro partes interagem, a condição médica da pessoa pode ser afetada positiva ou negativamente.
Estudos apontam que no contexto de dor crônica existem questões emocionais: pelo menos 30% dos pacientes com dor crônica têm depressão e 30% são diagnosticados com pânico e transtorno de ansiedade.
E é aí que entra o meu trabalho, já que minha principal área de estudos está relacionada com as questões ligadas à ansiedade.
A linha teórica que eu trabalho, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), atua fortemente nesse processo de melhorar o acesso aos nossos pensamentos e também na avaliação do quanto esse pensamento é efetivo.
O objetivo disso é neutralizar avaliações de ameaças que podem estar em intensidade muito maior que a realidade e podem estar influenciando diretamente na ansiedade (além de outras emoções) e, consequentemente, na percepção de dor.
É importante deixar claro que esse trabalho é um dos aspectos da psicoterapia focada em dor crônica. Demais questões, dependendo do contexto do cliente, também fazem parte do plano terapêutico.
Também é importante frisar o quanto o trabalho multidisciplinar, envolvendo, além do psicólogo, médicos, fisioterapeutas, educadores físicos e outros profissionais, aumenta a efetividade do tratamento.

Curiosidade
Uma técnica que ajuda muito o tratamento de dor crônica e fibromialgia é a prática da Atenção Plena, também conhecida como Mindfulness.
Pesquisas envolvendo Mindfulness e pacientes com fibromialgia sugerem que conseguir ter um foco maior no presente diminui a interferência da dor e melhora a saúde psicológica e a qualidade de vida em pessoas com essa doença crônica.
A forma de direcionar a atenção auxilia na percepção de pensamentos e sentimentos e, com isso, a atenção plena modera a influência do impacto da fibromialgia na ansiedade, fazendo com que esse tipo de atenção possa alterar a forma como os pacientes lidam com a fibromialgia.
Fonte Consultada:
ELLER-SMITH, Olivia, NICOL, Andrea e CHRISTIANSON, Julie. Potential Mechanisms Underlying Centralized Pain and Emerging Therapeutic Interventions. Frontiers in cellular neuroscience, 12, 35. Fevereiro, 2018
LÓPEZ-RUIZ Marina, LOSILLA Josep, MONFORT Jordi, et al. Central sensitization in knee osteoarthritis and fibromyalgia: Beyond depression and anxiety. PLoS One. 2019;14(12):e0225836.
CLARK, David, BECK, Aaron. Terapia Cognitiva para os Transtornos de Ansiedade. Porto Alegre: Artmed Editora, 2012.